News #10 da Tribo
Os melhores modelos de IA, final dos cookies de terceiros atrasado de novo, TikTok ban, anti-semitismo e desafios à democracia.
PARÂMETROS | Na Inteligência Artificial um modelo descreve a probabilidade de algo. Os parâmetros num modelo são os pesos das várias probabilidades. Gosto dessa explicação do Tiernan Ray: “Um parâmetro é um cálculo em uma rede neural que aplica um peso maior ou menor a algum aspecto dos dados, para dar a esse aspecto maior ou menor proeminência no cálculo geral. São esses pesos que dão forma aos dados e conferem à rede neural uma perspectiva aprendida sobre eles.” Em geral, quanto maior o número de parâmetros, maior a quantidade de poder computacional necessária para treinar o modelo (mais caro), e maior a qualidade do modelo. Mas mesmo assim ele é apenas um dos fatores.
QUAL A MELHOR IA | Achei esse site Artificial Analysis e adorei. Ele compara os modelos de LLM de IA sob vários aspectos como preço, qualidade, throughput (velocidade de resposta). Quanto melhor a qualidade do modelo mais lento ele é. Mas não necessariamente mais caro, isso tem mudado e hoje já existem bons modelos mais baratos. Aliás, os preços variam muito. Quando você usa esses modelos em outros produtos ou na sua empresa, você paga pela quantidade de tokens que entram e que saem. E os preços variam de centavos de dólar por milhão de tokens a 120 usd. Quais os melhores modelos? Claude 3 Opus (Antropic) e GPT-4 Turbo (Open AI). Quais os mais baratos? Llama (Meta) e Mistral - que também são open source. Mas o melhor pra você é o que resolve o que você precisa (qualidade e velocidade) pelo menor preço.
TOKEN | Você pode pensar em tokens como representações de pedaços de palavras. No geral você pode considerar que 1.000 tokens tem por volta de 750 tokens. Pelo cálculo do site da Open AI, esse texto te 54 tokens.
COOKIE-LESS ATRASADO | E o Google mais uma vez atrasa a saída de cookies de terceiros (3rd party cookies) do Chrome… O órgão regulatório de UK tinha bloqueado o phase out porque com o Privacy Sandbox o Google ia aumentar ainda mais seu domínio no mercado. A previsão do Google é resolverem esse ano pra retomar a retirada ano que vem… mas a coisa já vem se arrastando desde Jan 2020… a dificuldade, como discutido nesse artigo de Kellogg ‘The Future of Targeted Advertising in a Cookie-less World’, é criar um ecossistema saudável para pequenas empresas conquistarem novos clientes e proteger a privacidade dos consumidores. Cookies são uma forma de rastrear a navegação dos consumidores para fazer publicidade - o que é um claro problema de privacidade. Mas sem eles as empresas têm mais dificuldades de fazer anúncios mais personalizados - o que as torna ainda mais dependentes de empresas como o Google.
TIKTOK BAN | E agora é real. TikTok tem 270 dias pra ser vendido para uma empresa aprovada pelos EUA ou ser banido (de novos downloads nas lojas de aplicativos). O podcast da Kara Swisher - Much Ado About TikTok foi o melhor sobre o tema. Mas como fica o marketing? Acho que fica com um bom alerta de que você não pode basear sua estratégia toda em uma única plataforma. Ainda mais redes sociais, que mudam algoritmos, podem banir sua marca, ser vendidas (Twitter pro Elon Musk) ou ser banida de um país. Desenvolva seus canais próprios e seja dono dos seus assets. Eu to fazendo isso com essa newsletter ao invés de ter que ficar escrevendo conteúdo pro algoritmo no LinkedIn ou do Insta ;)
DESAFIOS À DEMOCRACIA | O Jonathan Haidt tá por todos os lados nessas últimas semanas depois do lançamento do seu livro “Anxious Generation”. Mas uma parte do seu podcast com o Simon Sinek foi especialmente interessante. O quanto as tecnologias digitais fortalecem as ditaduras e enfraquecem a democracia.
Em ditaduras, como na China, o uso avançado de câmeras, reconhecimento facial e inteligência artificial fortalece o controle do Estado sobre a população, aumentando a capacidade de monitoramento e repressão. Isso solidifica o poder desses regimes, permitindo vigilância e combate a dissidências mais eficazes.
Já a democracia sempre teve um desafio. As pessoas são passionais. Elas respondem a demagogos. E qual foi a forma de não deixar o povo fazer as leis de forma passional? Elegendo representantes que teriam um espaço para debater e criar as políticas. Se as pessoas não estivessem felizes, essas pessoas não seriam reeleitas como representantes. Mas aí veio a tecnologia digital. Na era da TV 20% do que acontecia estava sendo filmado. Hoje é 100%. Um político termina um discurso e já entra nas redes sociais pra ver a reação. Políticos reféns de feedback instantâneo focam mais em ações que geram aprovação imediata do que em políticas de longo prazo, benéficas para a sociedade. Essa necessidade de aprovação imediata aumenta a polarização, já que políticos podem preferir apelar para bases extremas em vez de buscar consenso ou considerar visões moderadas. E tudo isso é potencializado pelos algoritmos, pela câmara do eco e, como o Yuval Harari vive dizendo, democracias dependem de diálogo.
ANTI-SEMITISMO | Eu acredito que precisamos ter as conversas difíceis. Eu não sou judia. Eu sou a favor da paz - algo nada fácil no oriente médio - e de proteger os inocentes. O que o Hamas fez com os judeus em Israel foi algo terrível. Eles são criminosos, ponto. E nenhuma narrativa pode mudar minha opinião sobre isso. O que está acontecendo em Gaza não é menos terrível. Dor não se compara. E entendo que a situação lá é extremamente difícil e complicada. Mas acho que precisamos separar as coisas. Uma coisa é o Hamas (uma organização terrorista), ou o governo de Israel com o Netanyahu, e essa guerra toda. Outra coisa é o direito ao Estado de Israel e da Palestina. Outra, é o povo palestino e o povo judeu. Temos que separar as coisas. Apoio manifestações pela paz ou para proteger inocentes. Mas não podemos admitir discriminação. De nenhum tipo, e com ninguém. Estamos acostumados a ver discriminação envolvendo pessoas em situações de vulnerabilidade. E o povo judeu é percebido como rico e poderoso. Mas eles precisam de proteção. Anti-semitismo não pode ser tolerado. Tenho sido impactada não só pelos protestos nas universidades americanas mas por histórias a minha volta. Outro dia minha filha ouviu comentários anti-semitas e, como se não bastasse, me contou que uma amiga dela judia ouviu. Eles se uniram pra repreender fortemente o ocorrido. É disso que precisamos.
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância. AMO aprender e compartilhar. Um pouco de tudo, mas sempre com muito marketing e tech, de forma palatável :D
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