News #13 da Tribo
IA for Good, Apple Intelligence, os 4 riscos de IA nas empresas, dados e marketing no Rio2 e mais.
AI for Good | Agora no final de Junho aconteceu o AI for Good, evento da ONU em Genebra. Soube do evento pela cobertura da minha musa Andréa Janer da Oxygen e assisti a algumas boas sessões no YouTube. Vi a do Sam Altman (da Open AI), mas dele já sou arroz de festa, acho que assisto a umas 4 entrevistas dele por mês. A do Geoffrey Hinton foi interessante. Ele é um dos pais da IA, premiado junto com o Yann LeCun (atual head de IA da Meta) pelo trabalho com deep learning e redes neurais. Na visão dele uma das coisas incríveis de IA é que, diferente do cérebro humano, ela pode ser duplicada e é muito mais eficiente para estabelecer comunicação uma com a outra. A conversa passou por várias áreas (quase um random show de IA) e uma das coisas que achei interessante - no tema do risco de deep fake em eleições - foi que as pessoas precisam ser “imunizadas” de deep fake. Deveria haver campanhas com videos super impactantes que acabam se revelando falsos numa campanha de ‘não acredite em qualquer coisa. Na minha visão o perigo disso é que as pessoas já querem reforçar o que acreditam (confirmation bias), e poder negar a veracidade de qualquer coisa que seja um contraponto ao que você acredita é perigoso. Ou seja, acreditar em qualquer coisa é perigoso, mas duvidar de tudo também é. Bom, o Geoffrey sugere também que uma idéia seria ter um QRcode para o site (no qual o vídeo deve estar publicado!). É mais fácil comprovar a veracidade de um site e julgar sua credibilidade, do que julgar se um vídeo é verdadeiro.
Tristan Harris no AI for Good | Mas para mim a melhor (video aqui) foi a do Tristan Harris, do Center for Humane Technology - e do documentário da Netflix ‘The Social Dilemma’. Segundo ele, se você quer entender o impacto e futuro de uma tecnologia, você precisa entender os incentivos que ela tem. Hoje em IA, depois do lançamento de GPT 3.5, o incentivo é ‘quem vai dominar' esse mercado antes, e essa corrida está levando as grandes empresas a colocarem no mercado sistemas imaturos, e sem a governança necessária. Os riscos? Inúmeros. E hoje temos uma proporção de 1000:1 de gente trabalhando em IA versus na seguranca (safety) de IA. Nós queremos o lado bom de IA, mas pra isso acontecer, a gente precisa ‘ver os riscos’ para agir e garantir o futuro que a gente quer.
Se estamos gastando trilhões de dólares na expansão das capacidades de IA, a gente não pode gastar nem 5% disso na melhoria da governança disso tudo? E ao mesmo tempo, o time e superaligment da Open AI saiu da empresa recentemente, e vários de seus funcionários estão pedindo proteção legal para denúncias públicas (para os 'whistleblowers'). Qual o pedido? Ele cita alguns, como por exemplo investimento em desenvolvimento de IA e segurança, comprovação de requerimentos de segurança (as empresas precisam provar que o modelo não vai ensinar a fazer uma bomba antes de ir pro mercado por exemplo), proteção ao denunciante, responsabilidade, e imposto pelo poder computacional (se todos tem que ser responsáveis e seguir alguns padrões de segurança, todos podem ser mais cuidadosos sem medo de ser atropelado por um concorrente lançando um modelo imaturo e com riscos de segurança). E razoável como de costume, admite que ele não tem a solução, mas é nesse tipo de coisa que precisamos pensar pra ter o futuro que queremos com IA.
Apple AI | Semana passada rolou o evento para desenvolvedores da Apple, com muitas novidades. Novas versões de sistemas operacionais para o Mac (15 Sequoia), iPad (18), iPhone (18) e Apple Watch (11), que estão na versão beta para os desenvolvedores usarem e estarão disponíveis para todos em Setembro (quando eles lançam as novidades de hardware - dos dispositivos). O que dominou o evento? Advinha? Sim, IA!!! A Apple agora vai ter seu próprio modelo de IA, que vai rodar no celular (iPhone 15 Pro ou mais novo, aparentemente) com algumas coisas remotas (na nuvem). E ela concretizou que sua parceria com a Open AI significa nesse primeiro momento que as pessoas vão poder *optar* por conectar a Siri e a nova ferramenta de escrita (que te ajuda a escrever textos) ao GPT-4o. Isso depende do consentimento dos usuários para compartilhar seus dados e a proteção de privacidade inclui a não armazenagem das solicitações pela Open AI e ocultamento dos endereços de IP dos usuários. Aparentemente - segundo a BNN Bloomberg - a parceria não envolve receita$ nesse momento, mas uma forma da Open AI ampliar o alcance da sua marca e tecnologia, e da Apple oferecer opções de modelos pro consumidor (o que não seria exclusividade para a Open AI, com possível expansão para o Google e/ou Antropic). Atenção para o ‘aparentemente’ nessa última frase, isso não foi comentado pela Open AI e Apple (consequentemente nem confirmado nem negado). Vamos saber mais ao longo dos próximos meses até o lançamento em Setembro.
Apple além de IA essas foram algumas das coisas que eu adorei:
- Smart Script - ele vai deixando sua letra mais bonita enquanto você escreve, te permite corrigir a ortografia (e substitui a palavra pela correta com a sua letra), apagar uma frase e o espaço em branco sumir e já trazer o próximo texto em seguida - tudo isso na anotação feita em letra de mão com o Pencil (iPad).
- Math Notes - você pode fazer uma equação ou conta em letra de mão e ele completa o resultado com a sua letra (iPad).
- Você vai poder acessar seu iPhone ou iPad remotamente do seu computador.
- Novas formas de você personalizar sua tela (com ícones que mudam de cor ou não ficam em cima de uma parte da foto abaixo por exemplo) (iPhone).
- Possibilidade de você esconder os apps que quiser em uma pasta secreta.
- Fotos está mais legal pra achar fotos e memórias.
- Você vai poder atender ou não um telefonema pelo AirPod ao balançar a cabeça como sim ou não.
Para quem quiser saber mais: resumo da Wired, live updates do Business Insider e vídeos do evento completo, resumo, privacidade e Apple Intelligence no canal da Apple do YouTube.
4 riscos da AI as empresas | Entender onde estão os riscos da IA ajudam as empresas a mitigá-los. Esse artigo da HBR classifica o risco de acordo com seu uso e a intenção. Muitas organizações, compreensivelmente, hesitam em adotar aplicativos de IA generativa, citando preocupações sobre ameaças à privacidade e segurança, violação de direitos autorais, a possibilidade de viés e discriminação em seus resultados, e outros perigos. O risco ao usar IA generativa pode ser classificado com base em dois fatores: intenção e uso. A má aplicação acidental de IA generativa é diferente de práticas deliberadas inadequadas (intenção). Da mesma forma, usar ferramentas de IA generativa para criar conteúdo é diferenciado de consumir conteúdo que outras partes possam ter criado com IA generativa (uso). Para mitigar o risco de uso indevido e má aplicação de conteúdo de IA generativa, as organizações precisam desenvolver capacidades para detectar, identificar e prevenir a disseminação de tal conteúdo potencialmente enganoso.
Dados e Marketing: uma combinação antiga, mas mal resolvida | Esse foi o tema do painel que participei do Rio2C a convite do maravilhoso Pacete. Foi um papo bem interessante com a Celinha Nishio da Neslté e o Alan Spector da L’Oreal, moderado pelo Pezzotti. Interessante como o termo “Dados” está ganhando mais significados. Dado representa uma fato, como em uma decisão ‘data based’. Mas ele pode ser a verdade, ou um recorte limitado e cheio de viés que induz a uma conclusão errada e precipitada (dependendo da pergunta ou da amostra por exemplo). O dado também pode ser a racionalização, baseada no passado, que mina a chance de uma idéia criativa ou de inovação virar um sucesso. Ou pode revelar uma tendência de consumo, ou um movimento cultural que pode ser a chave para o crescimento ou a conexão e relevância. E os dados deixam de só mostrar o passado, mas passam a alimentar a IA preditiva alimentando o que deve ser a ‘melhor próxima conversa’ na hiper-personalização, ou a generativa com as informações relevantes para o melhor resultado.
Gartner CMO Leadership Vision for 2024 | Esse estudo do Gartner aponta as top 3 prioridades que demandam ação do CMO em 2024: (1) Forme Equipes de Marketing com IA (2) Reconfigure o Valor do Marketing para uma Empresa em Evolução (3) Orquestre o Crescimento Lucrativo entre as Funções.
ABC das Apresentações | Eu amo esse modelo. Quando você está preparando uma apresentação, você deve planejar com base no ABC: “A” de Audiência, que você quer causar uma mudança (“C” de Change), e pra isso você precisa passar por “B” (de Bridges e Barriers), aproveitando as pontes e superando as Barreiras. Vi a apresentação do Troy Andrews “The Psychology Of Persuasive Presentations” no Nudgestock de 2020, e depois li o livro no Kindle. Quem trabalha comigo já me ouviu falar de ABC umas 5 mil vezes desde então, hahaha.
Carewashing | Esse lance de dar app de meditação pros colaboradores gerenciarem sua saúde mental já não para mais em pé, né? E aí temos o mais novo termo desse artigo da HBR: carewashing. Igual ao greenwashing, é quando uma empresa dá uma maquiada que cuida do meio ambiente ou das pessoas quando na prática, a realidade é outra.
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância. AMO aprender e compartilhar. Um pouco de tudo, mas sempre com muito marketing e tech, de forma palatável :D
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