News #15 da Tribo
Atrasei porque fui curtir a Itália com a família mas já estou de volta com o que mais me chamou a atenção nas últimas semanas: Perplexity, SearchGPT, Llama 3.1, Cookies de 3os, Nudgestock e mais!
Ferramenta de Respostas | O Google é uma ferramenta de buscas. O Perplexity uma ferramenta de respostas. No Google você busca algo, e tem links com coisas relevantes para você clicar. No Perplexity você faz uma pergunta, e ele te traz a resposta com citações da fonte (links) de onde baseou a resposta. Como coloquei na news #11 o Google já está se movimentando para entregar algo assim, com uma linda experiência para alguns temas, mas se ele for fundo vai disputar o próprio negócio: hoje ele vende cliques, ou trafego, para outros sites. Se eu tiver a resposta na primeira tela, não preciso clicar e ir pro site, certo? Então… E tem mais um tema bem quente: essas respostas se baseiam no conteúdo dessas páginas todas, que o Perplexity usa, alegando que estão ‘abertas’ na internet. E essa semana quem anunciou que vai entrar na brincadeira? Ninguém menos do que a Open AI. Eles anunciaram que vão lançar o SearchGPT. Essas ferramentas de respostas usam a combinação de ferramentas de buscas com LLMs. O modelo LLM ‘entende’ a pergunta, e usa RAG buscando a resposta numa base de dados (o conteúdo da internet indexado) para trazer a resposta. A orientação para o modelo é de buscar a resposta nesse banco de dados e se não inventar nada em cima disso. Quanto melhor o modelo de LLM, melhor a interpretação da pergunta, e da resposta. Então dá pra entender mais um motivo do Gemini ser importante pro Google e do porquê a Open AI entrar no jogo.
SearchGPT | A OpenAI anunciou dia 25Jul que está testando o protótipo do SearchGPT. É um protótipo temporário para alguns usuários e editores. Eles planejam integrar isso com o ChatGPT no futuro. Eles estão fazendo parcerias de conteúdo como com o The Atlantic (que amo!) e Vox Media, que buscar maior exposição dos seus conteúdos. E é isso mesmo que eles prometem, ajudar os usuários a se conectarem com os editores, não apenas citando-os mas fazendo isso de forma mais clara, com maior exposição. Os editores vão poder gerenciar como aparecem no SearchGPT e aparecer nos resultados não significa dar o ok para que seus conteúdos sejam usados no treinamento dos modelos. O mercado (TheVerge) já está cantando a bola há algum tempo que eles estavam indo nessa direção e, como negócio, faz sentido. A OpenAI precisa fazer dinheiro pra pagar o custo (segundo o The Information) de 7 bilhões de dólares que gasta por ano…
A corrida dos Modelos | Essas últimas semanas foram cheias de novidades. O maior foi o novo Llama 3.1 da Meta (abaixo) e a Open AI, que lançou o GPT-4o Mini (18Jul) e anunciou o teste do SearchGPT (que já falamos). E ainda teve a Mistral com o Large 2 e o NeMo (seu novo ‘small model’).
Llama 3.1 | A Meta lançou em 23Jul o Llama 3.1, com 3 versões, de 8, 70 e 405 bilhões de parâmetros - o modelo ‘open source’ mais sofisticados até hoje. Segundo a Meta ele permitirá a geração de dados sintéticos e destilação de modelos (model distillation).
Não entendeu? Eu explico. Esses modelos precisam de uma grande quantidade de dados para serem treinados, e uma das formas usadas é a geração de dados sintéticos, ou seja, gerar mais dados com as características dos dados iniciais. E aí entra a destilação, na qual o modelo professor (grande e poderoso, mas lento e que precisa de mais poder computacional) gera as predições e ajuda a treinar o modelo aluno (através de por exemplo predições intermediárias). Imagina que ao invés do modelo aluno precisar aprender diretamente dos dados, ele usa essas predições do modelo professor pra facilitar o processo. Assim o ecossistema pode usar o Llama 3.1 para criar modelos menores eficientes - e mais estreitos, com o objetivo de realizar menos coisas; além de rápidos e mais leves (precisam de menor poder computacional).
Open Weights | Apesar da Meta usar esse termos ‘open source’, segundo meus amigos esse modelo não é Open Source (eles não disponibilizam o código, a arquitetura, os datasets…), mas Open Weights. A Meta disponibiliza o modelo com o treinamento deles para que possa ser rodado na sua infraestrutura e construir seus próprios modelos. Você pode usá-lo (ou reproduzir, distribuir, criar trabalhos derivados ou modificá-lo) até o limite de 700 milhões de usuários ativos mensais, mais que isso precisa de uma licença adicional da Meta (Github). Já tinha cantado a bola do ‘Openwashing’ na última news ;)
Riscos de AI | Paper sobre a taxonomia dos riscos de IA. Eles analisaram as politicas da União Européia, Estados Unidos, China e 16 empresas. Chegaram em 314 categorias de risco que foram organizadas em quatro grupos: operacional e sistema, legal e sistemas, conteúdo e social.
Cookies ficam | Depois de quatro anos buscando uma solução para substituir os cookies de 3os, o Google desiste de descontinuá-los! Tudo começou com a pressão pelo respeito à privacidade (LGPD, GDPR na Europa e CCPA na Califórnia), que levou o Google a anunciar o fim dos Cookies de terceiros (algo que em 2019 já não existia no Safari, Firefox ou Edge). Mas a solução que eles tentaram implementar, o Privacy Sandbox, foi barrado em UK porque iria aumentar a dominância do Google no mercado. Depois de bater cabeça por muito tempo o Google resolveu mudar a abordagem e manter os cookies de terceiros, mas dando mais visibilidade e poder aos usuários sobre quais dados estão sendo coletados e compartilhados. É pessoal, muito gente dedicou muito tempo a isso, sem os negócios como clean rooms, retail media e contextual targeting que foram alavancados por essa mudança… Mas de qualquer forma no mundo Apple os cookies de terceiros já foram embora há tempos, e é onde estão os jovens com maior renda (e foco de muitos marketeiros).
Cookies de Terceiros | Um cookie de terceiros é um pequeno arquivo que o navegador armazena no seu computador e que registra (e compartilha com anunciantes) os sites que você visitou. Sabe aquele tênis que você viu uma vez e que depois começa a aparecer em todos os sites que você visita? É graças aos cookies de terceiros. Sem essas informações, os anunciantes têm menos opções para escolher para quem mostrar seus anúncios, ficando ainda mais dependentes dos "walled gardens", que são plataformas fechadas como Google e Meta, onde os usuários navegam identificados e as empresas controlam rigorosamente o acesso aos dados.
Novas Regras do Marketing | Esse artigo do HBR defende que a Internet e as ferramentas de IA estão transformando as comunicações de marketing dentro do "echoverse", um cenário complexo onde consumidores, marcas, mídia, investidores, comunidades, sociedade e agentes de IA interagem continuamente. Nesse ambiente, a comunicação é omnidirecional e evolutiva, com mensagens fluindo e se modificando em todas as direções. Os papéis de emissor e receptor são indefinidos, e o valor é criado coletivamente. Os autores integraram teorias de comunicação para criar uma tipologia de estratégias de marketing, incluindo marketing de promoção, marketing de relacionamento, marketing de engajamento do cliente e a nova estratégia proposta, o marketing do echoverse. Para se adaptar, profissionais de marketing devem facilitar a co-criação e co-propriedade de recursos, incentivando contribuições de todos os atores. As marcas precisam adotar uma estratégia clara, incentivar contribuições de todos os atores e se ver como curadoras e colaboradoras, não apenas criadoras únicas. É, marketeiro não tem paz não…
O Erro do Starbucks | Starbucks tá indo mal. E esse artigo da HBR analisa o case. A resposta é que caíram na armadilha de querer baixar custo e entregar rapidez, eficiência e volume. Tema esse, aliás, que você vai ver logo abaixo em Nudgestock. Uma marca que nasceu entregando experiência, o terceiro lugar (entre sua casa e o trabalho), o café ‘artesanal’ com seu nome escrito a mão e virou um commodity.
Nudgestock | E rolou o Nudgestock em Londres, um encontro super bacana sobre ciência comportamental organizado pela Ogilvy. Esse ano o tema foi o tempo. Já tem o vídeo do dia todo no YouTube e estão entrando aos poucos os das apresentações individuais. Abaixo a sessão do Rory Sutherland, sempre fantástico. Pensa no Starbucks, como cai como uma luva…
Não é sobre rapidez | Rory Sutherland afirma que melhorar a velocidade quando já estamos indo rápido é desnecessário e arriscado. A busca pela eficiência leva ao que pode ser medido, e aí o ‘humano’ muitas vezes desaparece e fica só o que pode ser medido, o preto no branco que é muito mais fácil de gerenciar do que o cinza. A mente humana pode transformar algo ruim em bom. Você pode transformar uma viagem longa de trem em um passeio de um day off. Os modelos matemáticos não conseguem fazer isso. Se seu sistema for em cima do tempo, tudo vai ser feito para otimizá-lo. E assim está sendo a mídia ou a comunicação. Tudo otimizado para a eficiência ou a velocidade. Mas muitas vezes o valor está no processo, no engajamento. Fazer propaganda tem disso. Vale a pena até se não for pro ar, só pelo processo de compreensão do negócio, do consumidor, do valor, da mensagem. Nem sempre mais rápido e eficiente é melhor. A verdadeira questão não é "qual é o mais rápido?", mas sim "como tornar a experiência tão fantástica que ninguém queira outra alternativa?".
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância. AMO aprender e compartilhar. Um pouco de tudo, mas sempre com muito marketing e tech, de forma palatável :D
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