News #3 da Tribo
Essa semana vamos mergulhar um pouco em alguns princípios de IA, no seu impacto nos empregos, e em mais um case épico de virada de marca. E se você preferir ouvir a news, assine o podcast da Tribo!
EMPREGOS VS IA | Nós sempre achamos que a ‘automação’ ia acabar com os empregos manuais (blue collars) antes de impactar os intelectuais. Sempre achamos que o maior desafio pra IA seria ‘pensar’. Que a criatividade era exclusiva do humano. Mas aí tudo mudou (no próximo bloco explico melhor isso, e porque foi uma surpresa pra todos). E aí entramos na importante conversa de quando e como isso vai afetar os empregos. A primeira máxima, verdadeira pra nós executivos pelo menos, é baseada na Fortune, “IA não vai tirar seu emprego, mas alguém que a usa bem, sim”. Vários amigos me perguntam como eu estou escrevendo newsletter agora. Uma coisa é fato, sem IA me ajudando eu não estaria. Acho que essa vai ser mais uma tecnologia que vai seguir a lei de Amara, de que tendemos a superestimar os efeitos da tecnologia no curto prazo e subestimar no longo. O impacto potencial no mercado de trabalho é sim gigante, como já trazido em vários estudos (Goldman: 25% nos próximos anos; McKinsey: 55% até 2055; Universidade da Pensilvânia, NYU e Princeton: ChatGPT sozinho poderia impactar ˜80% dos empregos). Mas essa semana o MIT soltou um estudo bem mais cauteloso. E com razão. A adoção dessa tecnologia ainda depende de muitos fatores. Da tecnologia melhorar, das pessoas aprenderem a usar, do custo cair, da democratização disso tudo. Mas assim como todos os job descriptions mudaram quando apareceu a internet e o email, todos vão mudar, de novo.
IA PREDITIVA OU GENERATIVA | O que eu tenho resgatado de gente que só tem boiado nesse tema de IA ultimamente não está escrito. E uma das dúvidas frequentes é quererem entender o que aconteceu em 22 que surpreendeu tanto assim até os maiores especialistas. O ser humano está acostumado com evoluções lineares, e não exponenciais. E apesar de IA não ser novidade, a mais tradicional delas é a preditiva. Que entrega probabilidades como o próximo produto que pode te interessar ou a chance de você cancelar uma assinatura. A mais nova é a generativa, que entrega novos conteúdos, e não probabilidades. Esses modelos de IA generativa já existiam, mas ainda eram muito ruins. Até a Open AI abrir pro público com o Chat GPT que - supreendentemente - ela havia ficado muito boa. E isso foi uma supresa (pra todos os experts inclusive) porque os modelos vão melhorando por machine learning, e em modelos tão, mas tão complexos, que ninguém consegue entender como ele chegou naquela resposta, nem ele mesmo. É como um ‘olheiro’ que vê um potencial num jovem atleta mas não sabe explicar bem o porquê. Mas, por sua experiência, vê um conjunto de coisas que, quase por intuição, sabe quem tem potencial. Esses modelos complexos de deep learning são assim. Nem eles mesmos conseguem explicar como funcionam. Mas o fato é que antes existia IA pra entregar probabilidades, agora tem IA que cria novos conteúdos. E como tudo pode ser resumido em zeros e uns, de textos a imagens e músicas, um mesmo modelo pode ser multi modal, ou seja, entender e/ou responder diversos formatos. Ele gera conteúdo novo, prevendo qual combinação de palavras ou pixels mais agradaria como resultado.
PRAZER, LLM | Ah, o mercado, pra simplificar, se refere a esses modelos conversacionais, como o por traz do Chat GPT, como LLM (Large Language Models). O outro termo do momento, IA Generativa (ou “Gen AI”) você já aprendeu acima!
GPU | Se tem duas coisas que eu estou esperando ansiosamente uma (re)evolução são *baterias* (que carreguem mais rápido, sejam menores, não esquentem, não percam eficiência com o tempo, sejam seguras e limpas do ponto de vista ambiental) e *processadores pra IA*. Esses novos modelos de inteligência artificial precisam de um poder incrível de processamento pra serem treinados, o que custa muito dinheiro e gasta muita energia (principalmente para resfriar o processador). Não é à toa que as ações da Nvidia (fabricante das melhores GPUs, os processadores usados nesses novos modelos de IA) cresceu 240% em 2023. E também não é surpresa a quantidade de pesquisas e start ups nessa área. E o apetite de investidores pirando em idéias de tecnologias de chip alternativas, do nível de Black Mirror (Wired).
ABERCROMBIE | Quando eu penso em uma ação que teve uma alta incrível ano passado quem vem a cabeça? Nvidia. Mas tem uma ação que cresceu mais ainda! A da Abercrombie (+285%). Mas como essa marca, eleita a marca de varejo mais odiada dos Estados Unidos em 2016, e dois anos depois do documentário da Netflix, deu uma virada desse tamanho? Eles transformaram tudo, do seu posicionamento e público alvo (de adolescente pros 20 e poucos anos) e sua cadeia de valor. Estudaram o target, que começa a vida definindo sucesso de outra forma, com mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Um range de produtos que não quer ser super trendy, mas servir esses jovens do trabalho ao casamento, das festas ao esporte. Havia um vácuo nesse target, nas roupas aspiracionais mas com preço acessível. E seu marketing, reposicionando a marca antes explicitamente excludente, só com o aspiracional estético que (ainda bem) se tornou escandalosamente incorreto, focou numa estratégia mais discreta. Passou a entregar uma grade de produtos mais inclusiva, em corpos mais diversos, e com um exercito de influenciadores de forma autêntica (versus campanhas agressivas de propaganda). Essa foi de longe a história que mais me fascinou essa semana.
GLASSDOOR | O futuro do trabalho está sendo definido agora. Saiu o ranking das melhores empresas pra se trabalhar do Glassdoor e, as melhor avaliadas, tem alguns pontos em comum: priorizam transparência da liderança, flexibilidade e crescimento. Tendo a concordar, e somaria um ambiente não tóxico. Sempre.
BARBIE E OSCAR | As indicações para o Oscar saíram e nela estão Ryan Goslin (Ken) e America Ferrera (Gloria). Mas cadê a Greta Gerwig (diretora) e a Margot Robbie (Barbie)? Posso ficar um dia inteiro aqui falando bem do filme que gerou conversas poderosas e levou de forma brilhante o tema do patriarcado para o mainstream. É Oscar, você tá ficando pra traz meu filho.
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância.
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