News #4 da Tribo
Precisamos proteger nossas crianças na internet, a propaganda vai conseguir salvar os serviços de streaming e como vencer sua ansiedade para falar em público.
NOSSAS CRIANCAS + REDES SOCIAIS | Essa semana os CEOs da Meta, TikTok, Snap, Discord e X foram ouvidos no senado americano sobre a crise de segurança online para crianças. O clima foi bem tenso. CEOs bem treinados sendo metralhados pelos senadores. Famílias ao fundo que perderam filhos que tiraram suas vidas depois de serem vítimas de abusos sexuais online. Um dos senadores pressionou o Mark Zuckerberg a se dirigir às famílias e pedir desculpas, o que ele fez. Eu assisti TUDO, as quatro horas, aliás atrasei a News por isso (sorry amigos). E olha, o conteúdo é muito triste, e igualmente importante para a sociedade atual. O Kids Online Safety Act (KOSA) é um projeto de lei(s) com apoio de dezenas de senadores e visa proteger crianças e adolescentes de bullying, assédio, exploração sexual, anorexia, auto mutilação e marketing predatório. Ela tem coisas como a obrigação da pessoa provar que é maior de idade para ter conta (e não poder mentir a idade), proteções em relação ao uso de dados e marketing para menores. A gente não está nos EUA mas é esse o mercado que molda essas empresas, então a gente precisa disso. Mas é impressionante ver a quantidade de evidência do quanto as empresas sempre souberam e nunca chegaram nem perto de fazer o que precisava ser feito. Sobre a Meta, mensagem do Mark dizendo que um projeto que visava proteger as crianças não era prioridade, ou de que o LTV (Life Time Value) de um adolescente era USD 270. Pesquisas internas apontando que 17% dos adolescentes diziam ter sido expostos a conteúdo de auto mutilação. Sobre o TikTok o tema recorrente é a China.
Ficou claro que os senadores estão unidos para passar a lei, mas que as big techs tem usado tudo que podem de lobby e advogados para evitar avanços. Mas não dá mais para se enganar de que podemos confiar nessas empresas para cuidar das nossas crianças. Parece que com tabaco foi igual, a coisa esquentou até que finalmente passou. Espero que tenha chegado a hora, porque precisamos de legislação, e urgente.
TikTok e-commerce | O poder de influência dos criadores de conteúdo pra vender produtos é indiscutível. Mas será que vai dar certo trazer o comércio eletrônico pra dentro dos apps de rede social? O TikTok teve seu crescimento desacelerado (de 12% há um ano atrás para 3%). E isso pode ser resultado do seu foco no shop, segundo o morning brew. O TikTok lançou uma nova funcionalidade que identifica automaticamente produtos em vídeos, e levando pra uma página com itens semelhantes à venda. Mas no caso os tais 'ítens semelhantes’ tem frequentemente sido produtos falsificados e de baixa qualidade, causando reclamações. O Instagram já decidiu descontinuar a aba shop pra voltar a sua origem e focar na experiência do usuário.
MAS
O QUE FAZ UM CMO? | Agora foi a vez da UPS eliminar a posição de CMO. Como bem levantado pela Forbes, apesar da necessidade de grandes cortes de custos (Amazon ganhando importância ao se tornar a primeira empresa de entregas, as pessoas indo às lojas para as compras no final do ano, entre outras) pode uma empresa se transformar para o futuro sem uma boa liderança de marketing? E aí eu pergunto, mas o que faz o marketing? Já passei por empresas B2C, B2B, de consumo a tech, e as responsabilidades do marketing mudam radicalmente. A verdade é que já não é de hoje que o CMO é o que menos dura na cadeira, comparados a outros do c-level. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Muito. Lembrei logo desse estudo publicado na HBR em ‘17 sobre o tema, e é justamente aí que mora o problema.
O CMO é responsável por tanta coisa, e seus deveres e habilidades variam tanto, que muitas vezes as expectativas de seu trabalho são irreais e desalinhadas com as métricas de desempenho. Aí fica bem difícil. Na época eles já listavam 3 tipos de CMOs: os que focam na estratégia, os que focam na comercialização, e os que focam em ambos (e carregam responsabilidade sobre o P&L), como no mercado de bens de consumo. Mas hoje nenhum desses papéis é fácil. Com o mundo em constante transformação, e tecnologias novas mudando tudo a toda hora, os desafios são enormes. E pra um CMO ter sucesso, ele precisa de novas técnicas de marketing moderno, tecnologia, e uma posição e expectativas bem definida.
STREAMING | O que você assina? Netflix, HBO Max, Prime Video da Amazon, Globoplay, Disney, Apple? Insano define. Bom, o que não faltam são desafios para as empresas de streaming hoje. Mercado saturado e competitivo, dificuldade pra manter os assinantes, conteúdo caro, pirataria. Sem falar na complexidade dos direitos de distribuição, monetização e na impossível dinâmica de se diferenciar com catálogos exc
lusivos… E se isso não bastasse a concorrência é muito maior. Porque no final concorre com o YouTube, com o TikTok, e com todo o mercado de entretenimento. E é no meio dessa loucura toda que esse segmento hoje aposta na propaganda. Agora foi a vez da Prime Video. E a ambição aqui não é pequena. A propaganda pode ser a tão esperada solução para receita adicional, e permitir planos mais acessíveis e o aumento da base de usuários. E no mundo em que segmentação e personalização são o futuro da propaganda, a oportunidade de identificar a audiência e transformar seus hábitos em dados é realmente de brilhar os olhos. Mas pra dar certo o mercado vai precisar se reinventar e desenvolver formatos mais orgânicos, menos intrusivos, que entretenham, e não interrompam. E hoje o mercado ainda está engatinhando: assistir ao Jornal Nacional no Globoplay por exemplo é a própria definição de saturação. O mesmo ad aparece dezenas de vezes pra cada um. Pagar pra ter essa experiência não dá, né? E por isso que a maior parte dos serviços está indo na direção de oferecer um plano mais barato com propaganda, e um mais caro sem.
VAMOS CONVERSAR? | Hoje que tenho cachorro entendo o quanto eles ajudam contra a solidão. Não só porque fazem companhia, mas porque quando você está com um cachorro as pessoas conversam com você na rua (pelo menos aqui no Brasil). Solidão é uma epidemia global. Que acaba com as pessoas. Uma marca de sopa holandesa promoveu uma ação bacana: cestas com cores nos supermercados, sinalizando se as pessoas estão ou não abertas a conversar com estranhos. E assim conecta pessoas, especialmente de diferentes gerações. O que eu gosto aqui? Da simplicidade. Ações de impacto dependem de intenção e criatividade. Vamos amplificar o bem? Essa veio na newletter do club da Oxygen.
CONFIANÇA AO FALAR | Confiança (e não arrogância) ao falar é essencial para um comunicação efetiva. Mas como combater a ansiedade? Esse podcast de Stanford traz um mergulho no assunto, com várias estratégias bem interessantes. A ansiedade é normal. Sinal de que você se importa, e sim, você precisa encontrar o conforto no desconforto. Tente não se culpar pela ansiedade, e não considerar isso negativo, mas o frio na barriga e o coração acelerado como parte da animação (excitement) pra falar. Respiração como inalar duas vezes e soltar o ar de forma longa, aquecer o corpo antes, segurar uma garrafa de água gelada pra combater o suor nas mãos também ajudam muita gente.
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância. AMO aprender e compartilhar. Um pouco de tudo, mas sempre com muito marketing e tech.
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