News #5 da Tribo
As novidades de AI (Gemini e Sora), interoperabilidade no WhatsApp e cadeias de valor menos dependentes da China e Taiwan.
Carnaval acabou e eu voltei, ou melhor, estou voltando voando, escrevendo essa edição do avião voltando da Índia ;) Então segue minha curadoria do que captou minha atenção nas últimas duas semanas (além das maravilhas indianas, claro!)
GEMINI ULTRA | Google lançou o Gemini Ultra (Bard agora chama Gemini) e olha, pelo que andei vendo em reviews e testando eles já ganharam um espaço na concorrida primeira tela do meu telefone. Foi um upgrade significativo comparado com o Gemini anterior, e supera o GPT-4 em alguns casos (de uso). Achei mais rápido que o Chat GPT, faz resumos bem estruturados (o que eu uso muito), e dizem que pode fazer o raciocínio multi-modal, ou seja, combinar inputs de texto e imagem por exemplo. Ele também permite uma janela de contexto maior (ou seja, a quantidade de informação – tipo a memória de curto prazo - que o modelo considera para gerar uma resposta). Isso é um dos fatores para melhor grounding, ou seja, ancorar as respostas em informações reais, como por exemplo quando uma empresa envia um email marketing com conteúdo gerado por IA, mas junto com o prompt o modelo recebeu (e considerou) as informações de quais produtos a pessoa tem, os assuntos que geraram engajamento e as interações passadas com o atendimento a clientes, por exemplo. Por isso que faz sentido para os clientes da Salesforce (empresa na qual trabalho) ter a IA generativa integrada ao seu CRM Marketing.
SORA | E a Open AI mostrou pro mundo o Sora, seu modelo de texto-para-video. Eles apresentaram o modelo e abriram para o red team (experts em diversas áreas como desinformação, viés ou conteúdos de ódio) testar antes de abrir para todos. Impressionante o nível de realismo, a capacidade de mudar cenas mantendo a personagem. Além do uso de NLP (processamento de linguagem natural) pro modelo traduzir o pedido em “linguagem natural humana” (o prompt), o modelo cria as cenas. E aí mora a beleza da coisa. Você escreve o prompt descrevendo uma cena, mas o modelo, pra fazer algo mais realista, precisa entender muito mais que o que você descreveu. Tem que entender como um cachorro se mexe, a anatomia desse movimento, o efeito no pelo do rabo, a relação com a sua dona ao lado, muitas coisas que vão além do que o que foi descrito. Isso mostra que o modelo tem um entendimento do mundo (general world model). Tem um bom vídeo sobre isso no TheAIGRID (que aliás adoro!). Claro que ainda existem inúmeras falhas, mas foi um marco! Até o Yann LeCun (um dos papas de IA, head disso na Meta) se surpreendeu com o que o Sora entrega.
DIFFUSION MODEL ARCHITECTURE | O Sora é baseado em um modelo de arquitetura difusa. Simplificando bastante, esses modelos usam o conceito de pegar uma imagem e gerar ruído em cima dela, até ela não ser mais reconhecida (imagine a foto de um gato, o modelo de difusão pode transformar essa foto em ruído, como se você estivesse pintando por cima dela camadas de tinta branca). Aí o modelo aprende a reverter esse processo para recuperar a imagem original. E assim vai aprendendo.
WHATSAPP | A partir de Março o WhatsApp vai ‘conversar’ com outros apps de mensagem, uma exigência da União Européia. Essa é uma das primeiras medidas para implementar a Lei dos Mercados Digitais (DMA). Assim existe mais concorrencia, liberdade de escolha (subindo a barra para todos) e a redução do “efeito de rede” (quanto mais gente usa a Plataforma mais valiosa ela se torna, levando a potenciais monopólios). Existem desafios de segurança, criptografia e controle de spam mas oferecer interoperabilidade é muito importante. Hoje o WhatsApp é tão gigante que se parar, para o país.
PROTEGENDO A VERDADE | Meta e Open AI vão marcar as imagens geradas por AI seguindo a tendência e recomendações que já contei aqui. Essa marca pode ser no metadado (as informações do arquivo) ou até em marcas d’água ‘invisíveis’.
ABRA E FECHE SEU IPHONE | Pela primeira vez em bastante tempo eu pulei um upgrade de iPhone, fui direto do 13 pro 15. O iPhone está precisando de inovação, e parece que a Apple ainda está trabalhando em telas dobráveis (principal desafio hoje é conseguir uma superfície lisa quando aberta). Isso eu quero… ;)
SÓ MADE IN CHINA NÃO | O Covid mostrou o risco de depender de uma região ou fornecedor apenas para matérias primas. Com isso as empresas estão diversificando sua cadeia de valor. Uma das formas é a “China+1” (tendo pelo menos um fornecedor além da China para cada coisa). Também existe o “Reshoring” (como os Estados Unidos voltando a produzir em casa itens críticos como semi condutores e remédios), e o “Nearshoring”, trazendo para países próximos. E com esse movimento os EUA agora compram mais do México do que da China. Claro que quando falamos da China existe toda a tensão política, e cuja importância não pode mais ser uma dependência exclusiva.
SÓ MADE IN TAIWAN NÃO | Isso sem falar na tensão com Taiwan, que a China segue ameaçando reintegrar, e é o maior produtor do mundo de chips. Sim, a enorme maioria dos chips mais avançados no mundo são produzidos por uma única empresa em Taiwan, a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufactoring Company). Sabe a NVIDIA, queridinha dos GPUs (chips para treinar modelos avançados de IA)? Então, quem produz seus chips é a TSMC! Que aliás é a empresa mais valiosa da Ásia. A preocupação é tanta que Estados Unidos e Europa fizeram os Chips Acts, leis de incentivo e fomento a novas tecnologias e produção interna de chips. Mesmo assim existem muitos desafios como instalações complicadas, bilhões de dólares em maquinas, mão de obra qualificada e custo. A fábrica que a TSMC está construindo no Arizona está atrasada, segundo li hoje no NYT, e depende de investimentos do governo. Que a paz reine em Taiwan nesse meio tempo, senão a conta vai ser muito mais cara pros EUA (que teria que se envolver no conflito). O tema vai além da economia e é tratado como segurança nacional, afinal, a falta de chips afetaria desde produtos essenciais hoje na sociedade como smartphones, equipamentos médicos e até tecnologias militares de defesa.
APOSTA QUANTO? | Um assunto bem comentado essa semana na Tribo foi o de apostas. E com o Super Bowl foi também o assunto que o Scott Galloway escolheu. É assustadora a velocidade que isso cresce e ganha visibilidade com patrocínios milionários. O fácil acesso, a solidão, a dopamina, o vicio, o impacto financeiro. Como a gente pode retroagir no mundo a ponto de permitir propagando de jogo nessa escala? Esse setor precisa de mais controle. E o Prof G retoma o tema com os jovens homens hoje, que precisam de um olhar mais empático da sociedade. Sim. Eu sou super feminista e defendo muito o cuidado com os homens. Pra mim não é uma coisa ou outra, as duas são verdade.
Eu sou a Fernanda Belfort. Marketeira de carreira, mãe, esposa, sobrevivente de câncer e hoje head do time de soluções para marketing da Salesforce. Comecei um grupo e um podcast chamados Tribo de Marketing em 2019, e sigo nessa jornada de uma lifelong learner que acredita na generosidade e abundância. AMO aprender e compartilhar. Um pouco de tudo, mas sempre com muito marketing e tech.
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